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A empreitada da quase falida Marvel começou em 2008, com um não tão conhecido gênio, milionário, playboy e filantropo, o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.). O filme tinha um orçamento de 140 milhões de dólares e garantiu uma bilheteria de 585 milhões. Homem de Ferro foi o fio condutor de um enorme universo cinematográfico compartilhado da Marvel. Um universo, rico, complexo, conectado e contínuo, com arcos concretizados em pequenos, médios e longos prazos.
Vingadores: Ultimato tem a difícil tarefa de concluir a Saga do Infinito, ao mesmo tempo em que também amplia as possibilidades e traça novos rumos para o futuro do UCM. E mesmo aqueles que não tem tanta intimidade com o Universo Cinematográfico Marvel podem se divertir com o filme, há referências e easter-eggs que foram feitos especialmente para os fãs, mas sem comprometer a experiência do público casual. O fan service não é usado apenas para agradar aos fãs, mas para desenvolver os personagens, a trama, evocar o sentimento de retrospectiva e potencializar as sensações que o filme pretende provocar nos espectadores.
Cada ato do filme é próprio ao seu estilo, com diferentes ritmos e recursos narrativos, que são orientados de acordo com a psicologia predominante de cada um desses momentos. O primeiro ato é uma sequência direta de Guerra Infinita, em que os heróis ainda buscam uma revanche contra Thanos, e se dedicam a gastar as últimas fagulhas de esperança que ainda lhes restam. O longa resolve de maneira simples questões que renderam milhares de teorias desde o estalar de dedos, como a saída do Homem Formiga do Reino Quântico e a volta do Homem de Ferro para a Terra. O filme não se preocupa em explicar tudo, ele te mostra.
Como muitos esperavam, a chegada da Capitã Marvel (Brie Larson) na equipe eleva a moral, a heroína tem consciência da sua força e se apresenta como o trunfo contra Thanos. Com ela, é possível vislumbrar uma luz no fim do túnel, um resquício de esperança. Contudo, o filme brinca com as nossas expectativas, aqui, os acontecimentos têm consequências que não podem ser revertidas apenas com outro estalar de dedos.
Quando entramos no segundo ato, a narrativa toma outro rumo, mesmo que já aguardada, a viagem no tempo não funciona como na maioria dos filmes sci-fi. Em Ultimato mudar o passado não necessariamente mudará o futuro, mas criará uma outra realidade. Dessa forma, os Vingadores precisam elaborar um plano que não apenas impessa que Thanos pegue as jóias, mas, também, pegá-las e usá-las para trazer todos de volta. O que aconteceu em Guerra Infinita não é algo totalmente reversível, nem tudo poderá voltar ao normal. Mesmo com o clima tenso e urgente, o filme encaixa as habituais piadas Marvel, os alívios cômicos ficam por conta do Homem Formiga e Thor (Chris Hemsworth). Embora em alguns momentos elas funcionem e façam total sentido, em outros elas tiram o peso dramático e quebram o clima, sem que o espectador possa realmente sentir o impacto da cena. Outro destaque é a representação dos heróis em diferentes estágios do luto, é evidente a raiva, hesitação e medo desses seres que antes se orgulhavam de ser extraordinários, mas que agora passam a se sentir ordinários e até mesmo impotentes.
Quando o terceiro ato finalmente chega, a narrativa acelera e o que é apresentado é simplesmente sublime, não é só um clímax de um filme, mas de uma saga que levou mais de uma década para ser construída. E conhecendo a força de cada personagem que tinham em mãos, a dupla de diretores Anthony e Joe Russo, entregam um espetáculo visual e sonoro que emociona, arrepia e faz chorar, não pelas cenas tristes, mas pela entrega de algo esperado há muito tempo.
A ação é de tirar o fôlego, sobretudo os momentos team up, em que os heróis se juntam e protagonizam cenas dignas das melhores páginas das HQs. A montagem tem cortes precisos para manter equilíbrio entre permitir a compreensão geral e dar dinamismo aos acontecimentos, preservando a compreensão de tudo e favorecendo a apreciação do evento em uma escala épica.
Apesar de tudo, existe, sim, críticas, mas que não tiram do filme o seu valor. Por exemplo, o filme resume a perda de metade da vida na Terra apenas aos EUA e a visão dos Vingadores, a cena do grupo de auto ajuda, presente no trailer, é o máximo que mostra o mundo fora da bolha dos heróis.
O arco da Viúva Negra (Scarlett Johansson) pode desagradar alguns, mas isso foi assim durante toda a sua participação no UCM, todo o desenvolvimento da personagem é para que outro conclua o seu. Até hoje a personagem é vendida como um produto para os olhos apreciarem, seja sendo usada para flertar com os Vingadores ou para servir outras pessoas. Durante muito tempo ela foi a única representação feminina, até aparecer a Vespa (Evangeline Lilly) e a Capitã Marvel. O que era pra ser o encerramento do arco dos seis originais, só serve de encerramento para três deles, Capitão América, Homem de Ferro e Thor, o último com ressalvas e com um futuro incerto, até mesmo para o próprio personagem.
Vingadores: Ultimato é um filme de comédia, ação, aventura, drama, e com certeza um dos maiores filmes lançados nos últimos tempos, ele traz a nostalgia dos filmes anteriores e uma grande expectativa para o futuro ainda incerto, mas com certeza próspero do Universo Cinematográfico Marvel.
Sinopse: Após Thanos eliminar metade das criaturas vivas, os Vingadores têm de lidar com a perda de amigos e entes queridos. Com Tony Stark vagando perdido no espaço sem água e comida, Steve Rogers e Natasha Romanov lideram a resistência contra o titã louco.
Duração: 3 horas e 2 minutos
Classificação indicativa: + 13 anos
Lançado em: 25 de Abril de 2019
Gênero: Fantasia; Ficção científica; Aventura
Texto por: Mayara Resende e Leonardo Emerson
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