Quando se vê a sinopse de On My Block no catálogo da Netflix, é fácil de se pensar que é só mais uma série clichê de adolescentes se descobrindo, mas com o diferencial de serem latino-americanos. É fácil começar a assisti-la como um entretenimento e se surpreender logo na primeira cena, tudo começa com uma festa: em uma casa, dezenas de pessoas dançam, bebem, se beijam, usam drogas, comem e conversam. Nada fora do comum. Três jovens observam a cena de longe, por cima de um muro. Um menino os encontra, dá uma garrafa de cerveja a cada um e anuncia: “Absorvam. Daqui a pouco nós seremos assim. Isso é o ensino médio”. A conversa continua, até que sons de tiros irrompem no ar. Todos, inclusive os jovens, saem correndo. “Esse foi um 38”, grita um deles. “Não, foi um 45”, discorda outro. Mais um disparo: “357”, concordam em meio a risadas. Isso com certeza mostra que, o que está prestes a ser assistido não é nada clichê.
Situada em um bairro ficcional de Los Angeles, chamado Freeridge, On My Block conta a história de cinco adolescentes que tem de crescer e amadurecer em um contexto conturbado e real. Com um elenco majoritariamente latino e negro, coisa que normalmente não se vê muito em séries. On My Block mostra uma realidade, com certeza diferente da que se esta acostumado, mas completamente real. Questões que seriam um grande elefante na sala em outras séries, como por exemplo, o uso de maconha e a violência nas ruas, são tratados como algo natural, porque fazer parte da sociedade, assim como, o assédio à uma menina na rua, sexo, morte, pobreza, racismo e a objetificação dos corpos femininos.
Na série a realidade cruza com a comédia e as tiradas engraçadas de humor ácido nos momentos certos, nos momentos que realmente aconteceriam no mundo real. Essa sensibilidade também está ao falar de temas sensíveis relacionados à adolescência. A primeira vez traficando drogas e o primeiro baile convivem no mesmo episódio de forma tão sutil quanto necessária.
Personagens fortes e reais
Tanto os protagonistas quanto os secundários nos surpreendem com sua multiplicidade ao longo da série. Se em algum momento imaginávamos que conhecíamos o personagem, por causa do seu estereótipo, no seguinte ele nos surpreende: seja Oscar (Julio Macias) ao expressar seus sentimentos pelo irmão mais novo ou Olivia (Ronni Hawk), que nos surpreende a não ser a menina atraente retratada como vilã, e se juntar a turma de protagonistas. Jasmine (Jessica Marie Garcia), é um caso à parte, na primeira temporada ela é a personagem irritante que quer fazer parte do grupo de protagonistas, na segunda, ela brilha de uma forma que faz com que você queira que ela faça parte do grupo, mas ela não evoluiu de alguma forma, só foi mostrado mais o que ela realmente é, e ela é incrível.
Os protagonistas são um caso a parte, ainda apresentados com a sutileza da realidade, mas com suas personalidades individualizadas mesmo em uma panelinha. Todos os personagens nos surpreendem em algum momento, além de representarem a cultura latina de forma realista, sem exageros ou didatismo excessivo.
On My Block ainda tem alguns erros, como qualquer produção, mas ainda é um refresco ver adolescentes reais em um contexto real sendo representados na televisão. Ela tem duas temporadas e já foi renovada para a terceira, ainda sem data de estreia. Assista ao trailer:
Sinopse Netflix: Em um bairro marginalizado de Los Angeles, a amizade de quatro adolescentes é testada no início do ensino médio. Eles precisam lidar com os novos desafios que envolvem crescer no local que vivem, os papéis sociais e expectativas impostas.
Duração dos episódios: aproximadamente 30 minutos.
Classificação indicativa: 16 anos;
Gênero: comédia, drama
Nenhum comentário:
Postar um comentário